sábado, 4 de junho de 2011

Repensando a Energia Nuclear - Fukushima e seus Efeitos

Extraído de RFI http://www.portugues.rfi.fr
"...Alemanha vai desativar as 17 usinas nucleares do país até 2022
   
A Alemanha anunciou nesta segunda-feira que vai abandonar a energia atômica. É o primeiro país industrializado a anunciar o fechamento de todas suas centrais  nucleares. A decisão, considerada irreversível, é consequência da catástrofe de Fukushima, no Japão.

Milhares de pessoas participaram de protestos neste sábado(28) em 21 cidades da Alemanha exigindo que o governo acelerasse o processo de abandono da energia nuclear. Reuters

A desativação das 17 usinas nucleares alemãs será paulatina. A maioria dos reatores nucleares do país será desligada dentro de um prazo de 10 anos e no máximo em 2022 todas deverão estar desligadas.


Em 2018, o governo alemão irá avaliar a situação energética no país e decidir se a desativação das usinas nucleares será total em 2021. Se for avaliado que há riscos para o fornecimento de energia, as três usinas mais modernas do país, consideradas como uma reserva de segurança, poderão ser desativadas somente um ano depois, em 2022.

A decisão foi anunciada nesta segunda-feira pela coalizão entre democratas cristãos e liberais no poder, após reunião que analisou as conclusões encomendadas a uma comissão de ética. O governo também anunciou que tomar medidas para reduzir o consumo de energia em até 10% até 2020, para diminuir o impacto dessa saída do nuclear. A energia atômica é responsável por 22% da produção energética da Alemanha. (...)


A chanceler Angela Merkel tinha baixado no ano passado uma lei prolongando a vida útil das usinas nucleares em uma média de 14 anos. Essa lei estava prejudicando a popularidade do governo. Depois do acidente em Fukushima, os partidos da coalizão de governo alemão despencaram nas pesquisas de opinião e perderam eleições regionais em série...
".


O texto acima foi reproduzido desde: http://www.portugues.rfi.fr/europa/20110530-alemanha-vai-desativar-17-usinas-nucleares-do-pais-ate-2022



No final da Segunda Guerra mundial,  os devastadores ataques nucleares contra o Japão nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, provocando a morte de centenas de milhares em poucos segundos (contabilizando posteriormente milhares de mortes devido aos efeitos da radiação) marcaram a história mundial. A pesquisa científica na área nuclear gerava até então sentimentos de progresso e curiosidade por grande parte da população, após a grande catástrofe, passou a gerar incertezas e medo.

O homem, ao longo das eras, descobriu, criou, evoluiu. A tecnologia e as formas de geração de energia, cada vez mais complexas e abrangentes, fazem com que grande parte das pessoas enxergue  a humanidade como algo acima das questões naturais, como se homem pudesse criar e inovar sem restrições, ignorando a natureza imprevisível que o cerca. Além disso, as pessoas vivem seu dia a dia, com suas tarefas e preocupações particulares, raramente parando para refletir que existe uma energia capaz de destruir tudo que existe, se manipulada pelas mãos erradas.

O desastre natural na região de Fukushima , devido ao tsunami que provocou a destruição de parte da usina nuclear da região e o vazamento de devastadoras quantidades de material radioativo, fez com que o mundo parasse para pensar a respeito do perigo que a energia nuclear continua representando ao planeta e á humanidade (alteridade).

A energia nuclear proporcionou grandes avanços na área tecnológica, tanto na área científica quanto para a geração de energia elétrica, ou mesmo para movimentar os motores de certos veículos como submarinos. Porém, irresponsabilidade ou o menor descuido podem causar desastres como o ocorrido recentemente, pondo em risco a vida, as pessoas e o planeta.

Nos últimos meses, o planeta se mobilizou com a catástrofe no Japão. A economia mundial, os governos e a consciência mundial foram balançados. Como visto acima na reportagem, o governo da Alemanha (que gera energia nuclear em grande escala) se sentiu pressionado diante dos movimentos contra as usinas ativadas no país. Milhões de pessoas, mobilizadas pelo acidente e pela possibilidade de contaminação nuclear em diversas regiões do planeta, saíram às ruas para protestar contra as desvantagens e os perigos da energia e do material nuclear (alteridade).

Com o avanço da tecnologia, com a possibilidade de criação de implantação de novas formas de geração de energia, é necessário mesmo que sejamos expostos a tais perigos que a energia nuclear engloba, desde uma exposição leve à radiação (que já pode levar a certos danos) até verdadeiros desastres de contaminação e/ou destruição? Não seria necessário pararmos para refletir sobre a possibilidade de uma conscientização mundial acerca dos riscos da energia nuclear e a mudança gradual para a utilização de formas mais seguras de geração de energia e utilização do material nuclear?

No Brasil, milhares de pessoas se manifestaram através dos meios de comunicação (principalmente via redes sociais) acerca da sua posição contra a utilização da energia nuclear, da sensação de insegurança que sentiram com o desastre ocorrido do outro lado do mundo (alteridade). Se tantas pessoas mudaram a sua concepção, não seria possível que os governos também mudassem sua atitude, assim como governo da Alemanha, que resolveu ceder às questões levantadas pela população?

As pessoas buscam uma maior qualidade de vida, porém, em geral, vivem suas vidas de maneira rotineira, sem buscar uma maior reflexão sobre as questões a sua volta.  Em momentos de catástrofe e destruição, sentimentos de mobilização e mudanças de pensamento  são manifestados, pois então percebemos as incertezas que temos em relação à nossa própria segurança.

Assim como muitas vezes custa a haver uma mudança de pensamento, custa ainda mais a ocorrência de uma mudança de atitude. Vamos refletir: de que forma podemos colaborar para que haja uma modificação nas concepções mundiais em relação à energia nuclear? Nossa primeira realização é a mobilização interna a partir dos fatos ocorridos (alteridade), gerando assim uma conscientização do que é melhor para cada um, para a natureza, para a segurança e qualidade de vida.

Links relacionados:

Efeitos da exposição à radiação:
http://www.portugues.rfi.fr/geral/20110523-comite-da-onu-discute-efeitos-das-radiacoes-nucleares


Crise nuclear japonesa estimula protestos anti nuclear na Europa
http://www.youtube.com/watch?v=2LNQIj74aq4

3 comentários:

  1. Mudar a si mesmo já é mudar o mundo! Muito lindo o blog de vocês!

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  2. Adorei o blog! Me parece uma pena que a "mobilização interna a partir dos fatos ocorridos" só nos ocorra depois que verdadeiras catastrofes como essa. Por que a alteridade não pode ser um fruto de reflexão cotidiana e não fruto de um trauma para a humanidade como um acidente nuclear?

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  3. Oi Luciana, pensamos que são vários os fatores que influenciam, por exemplo:
    1 - As pessoas não se dão um tempo para reflexões na correria do seu cotidiano.
    2 - Existe uma tendência maior em trabalhar com remediação do que com a prevenção.
    3 - Os que decidem, normalmente deixam para "agir" quando a coisa já aconteceu.
    4 - Não há um pensamento universalista, de longo prazo e que vise um futuro melhor para as próximas gerações, a contemporaneidade conduz o ser humano a um estado "emsimesmado", egocêntrico, onde so percebemos as partes e perdemos a visão do todo.
    5 - No entanto, como afirmou Vanessa, "Mudar a si mesmo já é mudar o Mundo"...
    A pergunta é: em que direção estamos mudando?

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